No início, quando ainda éramos Técnicos em Lanternagem sem Pintura, os trabalhos eram realizados as portas fechadas, ou seja, os clientes não viam os procedimentos. O carro entrava amassado e saia desamassado. Naturalmente que os curiosos criavam suas próprias teorias e mitos para explicar aquilo que eles não podiam ver, como eletroímã, aquecimento da chapa... A teoria mais especulativa de todas falava que existia uma máquina de sucção. Um cliente chegou a afirmar que havia visto a tal máquina nos Estados Unidos onde os trabalhos eram realizados as portas abertas. O nosso objetivo não era explicar como o trabalho era feito, o importante era resolver o problema estético que o amassado criava no automóvel, e ponto final. Com essa ausência de esclarecimento e respostas que raramente variavam como: é por aí, ou, é mais ou menos isso... O cliente alimentou a falsa ideia da máquina de sucção, no meu ponto de vista, um pouco de autoengano, preferindo acreditar que seu carro estava entregue aos cuidados tecnológicos de uma máquina de última geração, a admitir que o talento e habilidade de um ser humano foi quem resolveu o problema que tirava suas noites de sono. O segredo da técnica, serviu muito como marketing, pois me lembro que trabalhando no estacionamento de um grande shopping na Barra da Tijuca, muitos clientes deixavam os carros sobre meus cuidados por curiosidade para ver o antes e o depois do trabalho. Surpreendi muitos clientes olhando pele fresta da tenda, mas isso não me incomodava, depois do trabalho pronto a surpresa e a satisfação eram tão grande que eles nem queriam mais saber como era feito. Hoje em dia, em que o cliente pode acompanhar o procedimento, recebo elogios que não recebia na época da máquina de sucção imaginária, naquela época eu fazia todo o serviço, mas era a máquina que levava a fama.
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